sábado, 12 de abril de 2014

Ying Yang

A impressão que temos de que a matéria é condensada é uma ilusãozinha. Os elétrons ficam voando ao redor do núcleo, que é pequeno em relação à órbita eletrônica. As coisas parecem bem duras e densas de onde vemos elas, mas na verdade elas são bem mais vazias do que parecem.

Se a matéria fosse feita dos núcleos em si apenas, não seria nada parecido com o que é, seria provavelmente sem forma e sem as propriedades que conhecemos que acontecem da distância e da separação e divisão. Não fosse essa "ilusão", seríamos apenas uma massa amorfa e sem forma.

Um bloco de mármore não é uma estátua até que lhe tirem pedaços.
É o que se chama de esculpir: a forma surge quando se tira partes afim de propor limites diferentes. Ou mesmo, propor limites.

As trevas são basicamente a ausência de luz.
As luzes se espalham para todos os lados que podem a partir da fonte. As sombras estão nos lugares aonde a luz não atingiu.

As trevas são os pedaços de mármore tirados para que haja a forma.
Não existiríamos sem as trevas. São as trevas que nos dão a forma.

Não excluiremos as trevas. Mestraremos ambos luz e trevas, e assim seremos mais, incondicionais. Só assim a escolha pela luz fará parte da Harmonia.

Tu és pó de estrelas. De luz somos feitos e à luz voltaremos.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Harmonia

Toda onda naturalmente produzida entrega consigo um conjunto de harmônicos para além da frequência fundamental. Se esses harmônicos são múltiplos inteiros da fundamental, então temos uma série harmônica e é possível perceber uma nota - por que os harmônicos que soam junto da frequência fundamental não realizam interferência destrutiva na onda resultante de modo que a descaracterize.

A configuração das intensidades destes harmônicos entregues juntamente com a frequência fundamental é chamada de timbre  - esta configuração altera o desenho da onda resultante da soma de fase dos harmônicos com a fundamental. Por esta razão podemos distinguir sons diferentes na mesma frequência.

Música é a atividade humana que consiste da seleção de sons e organização destes com a intenção de dramatização.

Harmonia é a sensação provocada pela organização de sons cuja frequência é proporcional, isto é, é igual senão pela multiplicação de um escalar inteiro (100hz, 200hz, 300hz, 400hz, etc harmonizam). A percepção da harmonia entre dois sons prescinde o entendimento de que dois sons soam bem juntos e são parecidos.

A idéia de organização dos sons é feita com a intenção de dramatização, mas de onde vem a sensação boa provocada pela harmonização em si?

O budismo nos diz que tudo é ilusão; bem, a faixa de sons que ouvimos é bastante limitada, e mais ainda é a faixa de comprimentos de onda luminosa que enxergamos. A verdade é um sonho impossível: para sabermos a verdade holística, ulterior e transcendente, seria necessário tudo saber - tudo o que já aconteceu, acontece e acontecerá, e tudo o que for durante todo o tempo em que o universo vier a ser. O que é impossível, visto que a percepção é limitada (entre outros motivos).

O que a organização e a sistematização permitem é que haja um vislumbramento de um todo mesmo que não haja a percepção de parte de seus elementos. A partir da experimentação dos fragmentos presentes na natureza, os químicos foram capazes de desenhar o modelo da tabela periódica, prevendo a existência de elementos que ainda não existiam ou não haviam sido descobertos.


O que há de belo na harmonia é portanto a verdade transcendente vislumbrada por trás da possibilidade de todos os sons, que é sentida na combinação de dois (dentre inúmeros possíveis) sons que somam construtivamente suas fases e harmônicos - entregando toda uma série harmônica junto que é percebida, conscientemente ou não.