domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sonhador

Você não lembra de como você vem parar aonde vem parar num sonho. Você só se dá conta depois que acorda, e tenta esticar a memória até onde pode, e ver o quanto consegue lembrar.

Eu estava nesse lugar, olhando para dentro de uma casa grande, meio japonesinha, as paredes não eram bem paredes, eram só estruturas de madeira com várias janelinhas quadradinhas de vidro, como que um xadrez. O gramado no chão possuía uns caminhozinhos de pedra ou talvez concreto nos arredores da casa. Estava de noite, e não havia iluminação senão natural, ou seja estava bem escuro. Eu tentei acender a luz do meu celular mas ela não fazia luz direito, sei lá por quê.

Eu estava explorando este lugar, talvez à procura de algo, mas já não lembro o que era, ou talvez não houvesse nada em particular, talvez estivesse à procura de alguém. E encontrei um camarada. Perguntei se havia mais alguém conhecido, ele disse que não sabia.

A gente foi andando pelo caminhozinho de pedra que ficava em frente à casa e ia ao longo da costa - na verdade foi aí que eu reparei que a grama se estendia pouco na direção da frente da casa e virava areia. A praia era linda, a noite produzia um céu escuro, com uma tonalidade bem diferente. Do lado esquerdo do caminho de pedra que andávamos tinha a praia, e do lado direito, a planície gramada parecia envergar num vale ou algo assim, tinha uma pequena depressão e virava uma colina depois.

Estávamos meio perdidos, mas não tínhamos medo. Esperávamos andar naquela direção por algum tempo, por que sabíamos que o mar estava ao nosso lado, e então, através da costa, chegaríamos eventualmente em um lugar que conhecíamos. Estar perdido não era um problema - era bom, o sentimento que havia era de vontade de explorar o lugar, explorar o caminho e cruzar as belas paisagens.

Quando eu acordei, percebi que era um sonho, mas senti que podia ter sonhado um pouco mais. E me perguntei, e se a realidade fosse um sonho, do qual todos nós estamos meio perdidos, sem saber "aonde vai dar"? Mas não importa, por que o perigo na verdade não existe, e o medo é uma ilusão, o sentimento de explorar é mais intenso?

E se viver é, de fato, explorar o sonho?
E se o objetivo é apenas mais uma parte do caminho, se o final é apenas uma das partes do processo todo, que é o que realmente importa?
E se aonde vamos chegar não importa, de fato, porém importa aonde estamos e o que fazemos exatamente agora?

Se um sonho acontece na minha mente, então meu amigo do sonho, com quem eu conversei, na verdade sou eu? Com a certeza de que sou outro, porém ainda assim, o mesmo sonhador falando consigo mesmo?

E se a realidade fosse um sonho, e todos nós fôssemos o mesmo sonhador, com a certeza de que somos outros, porém, ainda um?

E se, como nos sonhos, pudéssemos criar qualquer coisa que queremos ou imaginamos, somente usando a Vontade?

E se tudo o que falta para você conseguir, de fato, fazer isso, é perceber que tudo é mesmo um sonho?

E se você só não percebe justamente por que é o criador da mesma realidade que percebe?


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